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Tenho 24 anos. Sou mãe de primeira viagem. Não fiz faculdade. Nunca visitei outros países. Gosto muito de ler, mas tenho uma dificuldade enorme em escolher um livro na livraria, e acabo voltando de mãos vazias ou com 5 de uma vez só. Minha vida é comum. Nada de muito extraordinário,exceto por um passado frio e sombrio que carrego na bagagem: Fui vitima de Abusos Sexuais na infância. E hoje 20 anos depois do primeiro abuso, consigo partilhar minhas dores de forma plena e aberta. Além disso, sou casada a 2 anos com o homem por quem me apaixonei a 4 anos atrás. Um homem lindo.Com um coração gigante, doce e carinhoso. Ele é dependente químico a 8 anos. Eu amo meu marido. E estou caminhando com ele rumo a Nossa Recureração. A droga não pode ser maior que o amor que nos une. Este Blog além de ser sobre a Dependência Química do meu amado, sobre minha Codependência e sobre Violência Sexual, é uma maneira de partilhar essas experiências doloras. Que alguém aí fora se identifique e saiba que não está sozinho.

sábado, 27 de agosto de 2011

retrato de Familia

Essa familia da foto não é a minha .. mas bem que podia ser. É só acrescentar mais 3 crianças. Rs.
Essa é a letra de uma musica da Pink (que eu adoro por sinal). A primeira vez que eu ouvi foi esses dias, tava amamentando minha filha e na Multishow tava passando um show da Pink e ela cantou essa musica ao piano.. Sem perceber as lagrimas cairam, escorrem pelo meu seio e cairam na bochecha da minha Pequena. Ela ficou olhando pra mim.. E por um segundo senti como se ela dissesse:"Não chora mamãe.." E uma dor aguda me atingiu.. Uma vontade de acordar e tudo ter sido um pesadelo. Não o nascimento da minha Pequena, claro. Sem ela não vivo mais. Mas eu queria que minha mãe estivesse comigo nesse momento da minha vida ao invez de estar la com o marido dela.. Como eu amo vc mãe.



Mamãe, por favor, pare de chorar, não agüento o barulho
A sua dor me machuca e isso está me deixando deprimida
Ouço vidros quebrarem quando me sento na cama
Eu disse ao pai que você não queria dizer aquelas coisas desagradáveis que disse

Vocês discutem sobre dinheiro, sobre meu irmão e eu
E é isto que encontro em casa, este é o meu abrigo
Não é fácil crescer na 3ª guerra mundial
Sem nunca saber o que pode ser o amor
Vai ver, não quero que o amor me destrua como fez à minha família

Podemos resolver isto? Podemos ser uma família?
Prometo ser boazinha, mamãe, faria qualquer coisa
Podemos resolver isto? Podemos ser uma família?
Prometo ser boazinha , papai, por favor, não vá embora

Papai, por favor pare de gritar, eu não aguento o barulho
Faça a mamãe parar de chorar, porque preciso de vocês por perto
A minha mãe te ama, não importa se o que ela diz é verdade
Eu sei que ela te magoa, mas se lembre que eu também te amo

Eu fugi hoje, fugi do barulho, fugi
Não quero voltar para aquele lugar, mas não tenho outra alternativa, outro lugar
Não é fácil crescer na 3ª guerra mundial
Sem nunca saber o que pode ser o amor
Vai ver, não quero que o amor me destrua como fez à minha família

Podemos resolver isto? Podemos ser uma família?
Prometo ser boazinha, mamãe, faria qualquer coisa
Podemos resolver isto? Podemos ser uma família?
Prometo ser boazinha , papai, por favor, não vá embora

No nosso retrato de família, parecemos muito felizes
Vamos fingir, vamos agir como se fosse natural

Não quero ter de dividir os feriados
Não quero ter dois endereços
Não quero um meio irmão mesmo
E não quero que a minha mãe tenha de mudar seu sobrenome

No nosso retrato de família, parecemos muito felizes
Parecemos muito normais, vamos voltar a isso
No nosso retrato de família, parecemos muito felizes
Vamos fingir, vamos agir como se fosse natural

No nosso retrato de família, parecemos muito felizes
(Podemos resolver isto? Podemos ser uma família?)
Parecemos muito normais, vamos voltar a isso
(Prometo ser boazinha, mamãe, faria qualquer coisa)
No nosso retrato de família, parecemos muito felizes
(Podemos resolver isto? Podemos ser uma família?)

Vamos fingir, vamos agir como se fosse natural
(Prometo ser boazinha , papai, por favor, não vá embora)
No nosso retrato de família, parecemos muito felizes
(Podemos resolver isto? Podemos ser uma família?)
Parecemos muito normais, vamos voltar a isso
(Prometo ser boazinha , papai, por favor, não vá embora)

Papai, não vá
Papai, não vá
Papai, não vá
volte, por favor
Se lembra que naquela noite em que você saiu, você tomou minha estrela brilhante?
Papai, não vá
Papai, não vá
Papai, não vá
Não nos deixe sozinhos

Mamãe vai ser legal
Eu vou ser bem melhor, eu disse pro meu irmão
Oh, eu não vou mais derramar o leite no jantar
Eu vou ser bem melhor, vou fazer tudo certo
vou ser sua garotinha sempre
vou dormir cedo à noite

Menina Azul



Não. Não sou azul, é claro. Rs.


Mas é assim que eu me sinto. Azul. Estranha. Totalmente fora de contexto, não me encaixo em nada do que faço parte.
O unico fio que me prende a teia da realidade é minha filha. Ah.. minha amada filha. Dia 30 agora, terça-feira, fazem 5 meses que eu a trouxe ao mundo. E depois de 16 horas em trabalho de parto, conheçi o rostinho daqueles pézinhos que me chutavam as costelas..
Hoje aqueles 9 meses me parecem tão distantes. São flash's de um sonho bom.
Dizem que é assim mesmo, depois agente nem lembra mais.. No meu caso, ainda tenho oque me faz lembrar: Inumeras estrias e 27 kilos a mais.
 Minha preocupação é conseguir me livrar de tudo isso. kkk!
Me sentir bonita de novo.


Meu marido é dependente químico á 7 anos.
Quando eu o conheçi ele já era assim, estamos juntos a  4 anos. Mais dificil do que saber que ele ainsda se droga com frequencia, é saber que não depende de mim fazê-lo parar.
Me sinto perdida, com um bebê nos braços sem o pai pra me ajudar.
Parece que é o fim da linha pros meus sonhos.
Será que vou acabar como tantas outras mulheres, que vivem um casamento infeliz só pelo bem dos filhos?

Não faço a  minima ideia do que fazer!!



Carrego hoje comigo o fardo de um passado marcado por abusos sexuais e a dor por ser negligenciada pela minha mãe em amor ao marido dela.
Ela sabia de tudo, mas preferiu ignorar minha dor e o mantê-lo ao seu lado. Sem pensar que ele também estava ao meu lado.
E assim foi minha infancia. Tendo de olhar todo dia pro cara que me ensinou desde mto cedo que amar não é o suficiente.
Mamãe brigava com ele dia sim, dia não. Hora porque ele tinha traido ela com minha tia, hora porque descobriu um caso dele com a vizinha e as vezes porque percebia que eu estava crescendo e ele ficava me olhando de longe.


Vou relatar agora a ÚLTIMA vez que permiti que ele ou minha mãe com seu amor doentio me fizessem mal:
Eu tinha 17 anos. Estava na reta final do último ano na escola. Tinha um melhor amigo que sempre me ia me buscar no portão para irmos juntos á escola.
Uma bela noite, eu tomei banho para ir a escola e como sempre estava muito atrasada.
Sai do banheiro de toalha e fui pro meu quarto me trocar ás pressas. De repente, me dei conta que esqueçi minha calça que acabara de passar na mesinha de passar, no corredor.
E num impulso abri a porta para em busca da calça. Foi ai que meu coração congelou. Senti meus joelhos cederem e fiquei imóvel olhando meu padastro levantar nervoso do cantinho atrás da porta por onde me espionava trocar de roupa.
Ele ficou olhando pra mim uns 5 segundos com cara de espanto por ter sido pego, e foi caminhando pra trás indo pro quarto dele e de minha mãe. De lá ele não saiu mais.
Fiquei tão estarrecida que voltei pro meu quarto deitei com a cara no travesseiro e começei a chorar desesperadamente. Tinha vontade de morrer. Sim, pensei seriamente em ir ao banheiro e passar a gillete nos pulsos.
Mas eu era maior que tudo aquilo e minha atitude foi outra.
Chamei minha mãe e contei tudo a ela.
Ela ficou chocada. Começou a gritar que aquilo não podia estar acontecendo e blá blá blá.
Sinceramente, não me abalei com o nervosismo dela, aquela cena eu já vira varias vezes.
Foi ai que o Sandro, meu melhor amigo, me chamou no portão para irmos á escola. Não pensei duas vezes, peguei meu caderno e sai.
Minha mãe ficou gritando atrás de mim "Camila, você não vai a lugar nenhum! Fica aqui pra gente resolver isso!"


Nem dei ouvidos. sai batendo o portão!
Naquela noite, Sandro e eu ficamos sentados na rua a noite toda. Eu só chorava e dizia que queria sumir.


Voltei pra casa.
Se bem me lembro nada aconteceu. 
Alias, aconteceu sim, minha mãe tomou a decisão que eu sempre sonhei e desejei que ela tomasse: MANDOU ELE IR EMBORA!!


E ele foi.
E o melhor dos sentimentos tomou conta de mim.. Uma alegria que não tinha tamanho estampava meu rosto e meus irmãos também ficaram muito felizes.
Só minha mãe que não.
Eu dizia a ela que agente ia ser mais feliz assim. Que eu trabalhava, ela podia arrumar um emprego, tínhamos casa própria, não havia com oque se preocupar.
Ela concordava, mas não estava feliz.


Até que uma noite alguém abriu o portão.
Era ele.
Deixou as malas no carro e entrou. Ele e minha mãe foram pro quarto conversar. Só vi quando ele foi lá fora e voltou com as malas.
Não acreditei. Como minha mãe podia tê-lo aceito de volta?????
Ela não me deu nenhuma explicação, foi aí que eu decidi que já não aguentava mais.


Arrumei uma casa de 2 comodos dos pais de uma amiga. Acertei com eles e dei a noticia á minha mãe.
Ela não acreditou em mim, mas quando viu que eu falava sério, contou a ele.
Os dois sentaram-se comigo á mesa e me fizeram explicar porque eu decidira sair de casa.
Como se ainda houvesse oque explicar.
Entre muitos absurdos que ouvi naquela noite, um deles foi minha mãe dizendo que eu devia dar mais uma chance a ele, que todo mundo na vida merecia uma segunda chance.
Mas pela primeira vez em tantos anos, tive coragem de falar.
"Você deveria ter me protegido mãe. Você é minha mãe, era tudo que eu esperava de você. Mas você preferiu a ele.Ninguém nunca se preocupou em como eu cresci nessa casa, como é minha cabeça."
Minha mãe não respondia. Só me encarava com ar de quem exigia respeito por ser minha mãe.


E tudo que tive coragem de dizer a ele foi: "Você é doente!"
Ele disse que se eu saisse, ele também ia.
E no dia seguinte eu sai.
Ele ficou.
Nunca mais voltei.
Minha mãe nunca se importou mto, me ligava vez ou outra.
Esta com ele até hoje.. E a minha constante magoa me lembra todos dias que ela preferiu a ele que a mim.
Eu que fui gerada em seu ventre.. Eu que talvez tenha sido motivo de mta alegria qndo nasci.
Certamente ela me amou mto.. Deve ter cuidado com tanto carinho da sua bebezinha de labios grandes.
Porque teve de acabar assim??


Agente se fala. Ela finge que se importa comigo e com a minha filha.


Durante minha gravidez ela não esteve presente.. só me ligava vez ou outra e eu ia lá as vezes.
Qndo ta Julia nasceu, ela me visitou na maternidade 1 vez e  veio 2 dias depois que cheguei com o marido dela.. só Deus sabe oque eu senti quando ele pegou minha filha no colo. E minha mamaezinha olhava com ar de orgulho.. como se ele fosse avô da Julia.
Hoje ela me ligou e minha Princesa começou a chorar querendo colo ela disse: " Ele tá falando aqui que se você não cuidar dela agente vai ai" ...
Ela quer me mostrar que ele se importa com minha filha.. quer aproximar agente.


No momento mais dificil da minha vida tudo que eu tenho é um marido drogado e um eterno vazio pela falta da minha mãe.
A familia do meu marido é mto boa pra mim.. mas eles não tem ideia dos vicios dele.


O meu então marido que me apresentou as drogas.
Eu, com toda minha carga de amargura me rendi..
Usamos juntos por 1 ano e meio.
Quando descobri que teria um bebe, larguei tudo.
Parei com as drogas, cigarros e bebidas.


Tudo pelo bem da flor que crescia no meu ventre.
Eu nao queria ser a mãe que eu tive.
Eu não queria maltratar quem veio pra me salvar.


Pena que o pai dela nao pense assim..


Ai meu Deus oque eu faço???

Começar do início é um bom começo.

Nunca fui fã dessa coisa de blog.
Talvez porque nunca entendi como funciona ou pra que serve.
Mas ultimamente ando tão atordoada que resolvi que desabafaria aqui. Meio idiota essa ideia pra ser sincera, até porque a internet não é lá um daqueles diarios que vem com cadeadinho.
Mas eu acho que no fundo é isso que eu quero.
Que o mundo saiba, que o mundo veja minha história, minhas dores e tormentos e minhas alegrias também.
Sem precisar me identificar, claro.
--Vantagens da internet.