Eu, sou apenas o eco estridente, ás vezes brando, da nossa vida que grita dentro de mim.
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Esperancês é o meu idioma.
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- Tenho 24 anos. Sou mãe de primeira viagem. Não fiz faculdade. Nunca visitei outros países. Gosto muito de ler, mas tenho uma dificuldade enorme em escolher um livro na livraria, e acabo voltando de mãos vazias ou com 5 de uma vez só. Minha vida é comum. Nada de muito extraordinário,exceto por um passado frio e sombrio que carrego na bagagem: Fui vitima de Abusos Sexuais na infância. E hoje 20 anos depois do primeiro abuso, consigo partilhar minhas dores de forma plena e aberta. Além disso, sou casada a 2 anos com o homem por quem me apaixonei a 4 anos atrás. Um homem lindo.Com um coração gigante, doce e carinhoso. Ele é dependente químico a 8 anos. Eu amo meu marido. E estou caminhando com ele rumo a Nossa Recureração. A droga não pode ser maior que o amor que nos une. Este Blog além de ser sobre a Dependência Química do meu amado, sobre minha Codependência e sobre Violência Sexual, é uma maneira de partilhar essas experiências doloras. Que alguém aí fora se identifique e saiba que não está sozinho.
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Eu aprendi.
Aprendi que o amor chega na hora certa.
Que a maturidade vem aos poucos.
Que a família é tudo.
Que amigos bons e sinceros são poucos.
Que cuidar da sua vida é sempre a melhor opção.
Que dias melhores sempre virão.
Que na vida, nem tudo vale a pena.
E principalmente, que a minha felicidade depende das escolhas que eu faço.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Eu já estive no seu lugar
É engraçado como temos a capacidade de nos focarmos na vida do outro e esquecermos da nossa própria.
Á 2 anos (pra ser mais exata 1 ano e 11 meses) eu não via o mundo como vejo hoje.
As vezes me esqueço que eu também já estive do lado de lá.
Me esqueço que também já me droguei.
Me esqueço que também já fui ás biqueiras de madrugada.
Também já fui na casa da vizinha á 1 da manhã pedir R$ 10 reais emprestado, dizendo que era pra ir ao médico no dia seguinte, quando na realidade era só pra comprar mais uma cápsula de cocaína.
Me esqueço que também já tive alguém tentando me resgatar.
Minha melhor amiga me falava que aquilo era vicio, que eu precisava procurar ajuda, me mandava emails com endereços de terapeutas e clinicas.. Ela tentou de todas as formas abrir os meus olhos, mas eu não quis ouvir.
Andava com os amigos do meu marido (já que usei com ele a primeira vez), e os achava as pessoas mais legais do mundo.
É incrível como a química tem a capacidade de nos fazer enxergar o mundo de uma forma totalmente distorcida!
Pra mim, eu era livre, dona do meu nariz! E estava aproveitando minha juventude. De balada em balada, de festa em festa. Todas regadas á muita bebida e cocaína.
Aquilo parecia muuuuito divertido.
Mesmo que eu fosse dormir (ou tentar dormir) ás 9 da manhã, não percebia que aquilo estava me consumindo..
Como já disse em outra postagem, eu fiquei irreconhecível. Mega magra, com cara de doente..
Até minha mãe veio a minha casa me perguntar se eu estava me drogando. E claro que eu disse que não.
Hoje entendo o lado de lá da coisa..
Não é tão fácil quanto parece.. A droga cria ilusões e desculpas pra cada uso seu.
Artimanhas da própria droga pra te dar motivos pra usar.
Mas não sei como eu consegui parar sozinha. Sério!! Parece que nunca aconteceu nada. Parece que eu nunca me droguei, nunca estive na companhia de amigos que se drogam até hoje.
Talvez seja por isso que cobro taaaanto do meu marido uma postura mais firme diante de tudo isso.
Porque eu sou prova viva de que quem quer consegue!
A última vez que usei, eu já sabia que estava grávida. Mas a droga ainda falava mais alto, pois eu não tinha me dado um tempo de viver sem ela.
Não vivi a faze de abstinência. Quando parei, só senti vontade uma única vez depois, mas não usei.
E nunca mais senti vontade.. mesmo tendo meu marido usando constantemente, nunca senti vontade de usar de novo.
Não tive crises, não tomei anti-depressivos, não fiz terapias..
Simples assim.
Não que eu seja especial, intocável.
Acho que tive sorte.
Minha gravidez foi tranquila.. fisicamente sim, porque emocionalmente foi desgastante.
Ver minha filhinha quase nascendo e o pai dela se drogando loucamente. Sem pensar nela.
Me esquecia que na cabeça dele, não estava fazendo nada demais..era como fumar um cigarro ou tomar uma cerveja.
Pois o adicto pensa assim.. que não é nada demais, que o mundo todo faz uma tempestade em copo d'agua por uma coisinha de nada. Ele pensa que quando o efeito passa, ele volta ao normal. Não se dá conta que já se transformou completamente. Que já não é a mesma pessoa daquele primeiro dia de uso..Já perdeu valores, tem desvio de caráter e uma capacidade enorme de achar que o todo mundo enche o saco, torrando-lhe as paciências.
Daí vêm tanta arrogância perante o assunto, á dificuldade em aceitar que está doente, porque na cabeça dele, não está.
Daí vêm a capacidade de chorar de joelhos dizendo que não usou.. como se nada no mundo importasse.
Passando por cima de mãe, esposa, filhos..
Ele até entende que você quer ajuda-lo. Por vezes, até aceita a ajuda.. Mas aí vem a maldita vozinha na cabeça dizendo:" Deixa isso pra lá, você não precisa.. Ela tá exagerando, você não está doente, a doente é ela, louca descontrolada!"
Essa vozinha que grita é o vicio.. é o corpo pedindo uma nova dose.
Eu digo tudo isso porque já passei por isso..
As vezes me esqueço disso.. pois meu cérebro apagou essas lembranças.
A maternidade me trouxe a salvação.
E mesmo duvidando da existência de um Deus ás vezes, acho que o Grande Plano dele foi esse: Mandar a Julia pra salvar minha vida, pra que quem sabe, eu consiga ajudar meu esposo. Porque sabe-se lá onde eu estaria hoje se não tivesse parado..
Tem gente que me diz que é a primeira vez que vêem alguém que se drogou por um tempo razoável (embora a frequência era bem alta) largar o vicio como num passe de mágica!
Cada pessoa é uma pessoa. Cada organismo, um organismo.
Talvez eu esteja entre os 20% que não se viciaram de verdade. Pois a margem de chance de alguém se viciar em cocaína e crack já na primeira vez é de 80%.
Agradeço a Deus por isso.
Não desistam, é possível.
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Salmo 91
Chorei ao ler.. e resolvi postar aqui.
Pra acalentar a alma de vocês.
Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.
Direi do SENHOR: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.
Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.
Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel.
Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia,
Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia.
Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti.
Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.
Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação.
Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.
Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.
Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.
Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.
Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome.
Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei.
Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Chegou a hora de recomeçar
Eu quero. Eu preciso. Devo isso á mim.
Eu preciso me levantar.
Caminhar comas minhas pernas. Ter autonomia sobre a minha vida, mesmo que isso custe meu casamento.
Não posso deixar que ele me destrua, que me deixe esquecer quem eu sou de verdade..
Sábado a mãe dele veio aqui pois eram 2 da tarde e ele ainda dormia. E pelo segundo dia seguido, não ia trabalhar.
Ela ficou brava, preocupada.. Afinal, pagamos 2 alugueis: o da nossa casa e o da oficina onde ele tem uma serralheria. As contas estão acumuladas na gaveta. A Julia não tem mais convênio por falta de pagamento..
Ela veio, acordou ele.. conversaram. Ela virou as costas, ele voltou a dormir.
Ela me disse que um vizinho nosso que também trabalha com serralheria, no mesmo lugar que meu eposo, já vai trocar de carro, está dando entrada na casa própria.. e ele aqui estagnado.
E minha vida estacionada, junto com a dele.
Conversei com minha sogra e ela concordou em cuidar da minha filha pra eu trabalhar. Nossa!! Soltei fogos!!
Era tudo que eu queria! Que ela cuidasse da Ju pra mim, pelo menos até ela ter idade de ir pra creche.
E eu vou..
Mas como tudo sempre conspira contra minha felicidade, ou pelo menos é oque parece, o Sr. Meu Marido não quer que eu vá.
Ele disse que posso arrumar outro homem, tem certeza que eu vou traí-lo.
Nossa, como eu fiquei brava..
Brigamos, gritamos.
Mas eu não vou desistir. Não essa a vida que eu quero pra mim.. vai me fazer bem conhecer gente nova, ver o mundo, ter meu dinheirinho, poder comprar minhas coisinhas..
Se eu deixar ele decidir oque eu devo ou não fazer, perco minha dignidade, minha identidade.. não é justo.
Sair desse mundo que eu criei dentro da minha própria casa. Eu, como todas nós Co-dependentes, vivo por ele, pra ele.. vivo na angustia de vê-lo drogado, tentando fechar brechas, achar saidas e meios de agrada-lo para prense-lo em casa. Mas é tudo em vão..
Como eu vim parar aqui meu Deus?? Como minha vida se reduziu a isso?
Me sinto fraca, impotente, submissa a essa vida.
Preciso me sentir livre, respirar novos ares. Acho que eu mereco isso.
Quero poder satisfazer meus caprichos de mãe sem ter de dar satisfação.
Por exemplo: o cercadinho dela foi ganhado já usado de uma amiga, não que eu importe, sou uma mulher super simples, não tenho frescuras..
Mas hoje eu estava olhando pra ela nele, brincando e me deu vontade de comprar um novo, cor de rosa, já que esse é de menino.
Puro capricho, eu sei.. mas são coisinhas que eu quero ter o prazer de fazer por ela. E fico dependendo da boa vontade dele..
Tô péssima. Um bagaço.
Com vontade de chutar o balde e fujir daqui.
Hoje, fui falar com ele sobre nosso casamento que será (talvez) o ano que vem.. e ele nem de deu atenção.
Será que eu não faço o suficiente?
Sou chata demais? Pego muito no pé?
Sei que sou assim, mas é consequencia desse carrosel de dependencia que agente vive.
Eu quero mudar.
Quero me sentir viva novamente. Quero olhar pra mim com orgulho de quem sou.
Porque hoje, tá diificil.
terça-feira, 19 de junho de 2012
Fé em Deus, cadê você?!
Essa semana foi meio tumultuada.
Esperança vai, esperança vem e ainda estamos na mesma.
Ontem, fomos a consulta marcada com a psicologa na UBS. Pensei em tentar o tratamento publíco porque quem sabe é mais intensivo que o pago. Mas não deu certo. Encaminharam ele pra outra unidade, mas próxima de nossa casa, mas lá não tem tratamento á saúde mental.. E voltamos á estaca zero.
Como erradicar esse mal que afeta de forma tão letal a nossa sociedade, quando o Estado não disponibiliza recursos ao tratamento da dependência quimíca?!
A uns anos atrás, quando esse assunto só me era visto na TV, e que não me afetava diretamente, parecia apenas uma questão de vontade do próprio dependente.. Aquelas pessoas largadas na cracolândia, crianças se drogando em praça publíca. Não era coisa que me chamava muita atenção. Lamentava, mas não me remôia.
Hoje, amargo estar do lado de cá da coisa.
Esse sentimento de impotência diante de algo tão grande e devastador. É como um fantasma, vivendo na nossa casa diariamente, ameaçando destruir minha família, meus sonhos.
E eu não posso fazer nada, a não ser viver um dia de cada vez. E tentar ajuda-lo..
Sou pisciana. E como carma astral sou um poço de sensibilidade. Adoro recordações, fotos (daí minha atração por fotografia), cartinhas e cartões. Isso se acendeu ainda mais quando a Ju nasceu. Tenho milhares de fotos, receitas médicas, marcas dos pezinhos miúdos que não quero esqueçer o tamanho.
Não quero esquecer nada disso.
Porque eu sou assim, mais dos outros que de mim. Sempre me doei muito, querendo agradar, ser sempre bem vinda e bem vista aos olhos de todos, estimando ser querida.
E a vida está me ensinando que isso não me faz bem.
Já fui uma mulher de muita fé. Já frequentei a igreja, me sentia bem lá.
Era bom saber que nada que aconteceu na minha vida foi em vão, que tudo está ligado a uma grande teia que Deus teceu com a minha história.
Era confortante receber palavras de consolo que pareciam estar sendo faladas diretamente pra mim. E muitas vezes, alguém dizia lá na frente: "Camila, Deus manda dizer que está com você.. não desanime!"
Isso me fazia voltar pra casa renovada.
Mas não sei em que parte do caminho, eu perdi a fé.
Pra ser sincera sempre fui meio cética, dificil de acreditar em coisas sobrenaturais.
Sempre achei que tudo tem um significado lógico e que as adversidades são consequencias das nossas decisões ou das decisões dos outros sobre a nossa vida.
E mesmo dizendo as frases comuns de: Que Deus abençoe! - Fica com Deus!- Se Deus quiser vai dar certo!
Nem sempre é oque eu sinto por dentro. É meio que piloto automático, frases automáticas.
Eu queria muito acreditar, mas não consigo.
Acho que minha constante decepção com a vida me fez desacreditar.
Quem sabe um dia, eu recupere a fé. Tem gente que diz que sou ingrata, que Deus não se agrada disso, dessa falta de confiança e vontade de acreditar.
Mas, sinceramente, se Deus é oniciente e nos conhece mais que a nós mesmos, ele sabe oque se passa em meu coração e sabe os meus motivos.
Certa vez li um livro chamado 'Deus é meu camarada', é uma história divertida e muito bonita sobre um homem comum que de repente tem um encontro direto com Deus e eles viram grandes amigos durante toda a vida do personagem. E Deus se mostra de forma simples e plena..
Claro que é uma história fictícia e não tem vinculo nenhum a realidade, mas achei muito lindo e gostaria de ver Deus daquela forma: Suave, Amável, Companheiro, Confidente.
Não gosto de pensar em Deus como esse ser que castiga, impõe sofrimento a vida inteira só pra que daqui a 50 anos você aprenda uma lição.
Prefiro pensar em Deus como alguém que me deu o livre arbitrio e que tudo que eu vivo hoje, é consequência do que eu fiz e escolhi pra mim.
Quem sabe um dia eu consigo sentir esse sopro de fé que tantos de vocês sentem. Acho que a vida é muito mais fácil assim, sabendo que no fim, tudo vai dar certo. Acho que nós nos sentimos menos sozinhos e frágeis diante de tantos problemas.
Além do mais só tenho 24 anos, não sei nada da vida ainda..
E se esse Deus misericordioso e bom olha por mim, ele sabe o quanto eu quero acreditar, ter esperança na minha felicidade, na felicidade da minha filha e do meu amado marido.
Hoje, fui ao mercado e enquanto andava pelos corredos começou a tocar essa música na loja:
Como as folhas, como o vento
Até onde vai dar o firmamento
Toda hora enquanto é tempo
Vivo aqui neste momento
Até onde vai dar o firmamento
Toda hora enquanto é tempo
Vivo aqui neste momento
Hoje aqui, amanhã não se sabe
Vivo agora antes que o dia acabe
Neste instante, nunca é tarde
Mal começou e eu já estou com saudade
Vivo agora antes que o dia acabe
Neste instante, nunca é tarde
Mal começou e eu já estou com saudade
Me abraça, me aceita
Me aceita assim meu amor
Me abraça, me beija
Me aceita assim como eu sou
Me deixa ser o que for
Me aceita assim meu amor
Me abraça, me beija
Me aceita assim como eu sou
Me deixa ser o que for
Como as ondas com a maré
Até onde não vai dar mais pé
Este instante tal qual é
Vivo aqui e seja o que Deus quiser
Até onde não vai dar mais pé
Este instante tal qual é
Vivo aqui e seja o que Deus quiser
Hoje aqui não importa pra onde vamos
Vivo agora, não tenho outros planos
É tão fácil viver sonhando
Enquanto isso a vida vai passando
Vivo agora, não tenho outros planos
É tão fácil viver sonhando
Enquanto isso a vida vai passando
(LS Jack- amanhã não sabe)
E me peguei com os olhos cheios d'agua pensando no meu amor.. E eu pensei nele com tanto carinho, que disse pra mim mesma: 'sim, eu o amo.'
Ele é tão carinhoso, bondoso e doce. Mas quando está sob o efeito de cocaína, parece outra pessoa. Ele usou a semana passada. Foi muito, muito triste. Chorei, gritei, arrumei minha mala, disse que iria deixa-lo. A gota d'agua foi quando a Ju tava no cercadinho e ele muito drogado andando pela casa no meio da briga, passou por ela que começou a dar os braçinhos e dizer: "papaaai.. papaai" .. querendo a atenção dele, ele nem deu ouvidos pra ela e entrou no banheiro. Nossa!! desabei, senti muita pena dela e culpa porque na minha condição de mãe, sou responsável pelo bem estar dela.
E sinceramente, mesmo sendo muito pequena, me lembro do meu pai. Ele também era dependente químico. Não me lembro oque ele usava, mas lembro-me das brigas, do choro da minha mãe. Me lembro de nunca ve-lo em casa. De perguntar pra minha mãe cade meu papai e ela cair no choro.
E até hoje, é essa a imagem que tenho do meu pai. Mesmo tendo apenas 5 anos, eu me lembro. Não quero que a Julia tenha essas lembranças, essa infância marcada por drogas e brigas. Por isso quero que ele se trate, pra ontem!! Ela já tem 1 ano e 2 meses, já já vai começar a perguntar, a perceber.. e não quero que ela me culpe um dia por cria-la em meio a 3a guerra mundial. Ela merece um lar saudável e feliz. Mas também merece crescer com o pai e a mãe, que ela se orgulhe de nós e que sejamos bons pais.
Eu também mereco um marido saudável, que me enxergue como eu sou, de coração aberto. Porque como ele está, não me vê. Não tem perspectivas de futuro.. estou querendo casar o ano que vem.. oficializar tudo. Faço planos, falo de vestidos e flores, campo ou buffet. Ele nem dá atenção. Fico muito triste e com medo de tomar a decisão errada.
Não sei oque fazer, mas por enquanto não penso em desistir. Eu o amo demais pra isso.
Fiquem bem..
Beijos.
terça-feira, 5 de junho de 2012
Será que vamos conseguir vencer?!
Oi..
Em primeiro lugar, quero agradecer o apoio e mensagens de força de recebi.
Obrigada de coração!
Bom.. ainda não fui marcar minha consulta com o sexólogo, hoje que tava super afim de ir, o dia amanheçeu com esse temporal horrivel!
Mas eu vou lá. Vou sim.
Estou muito decidida com relação a isso. E orgulhosa de mim por ter tomado essa decisão.
Hoje minha mãe me chamou no facebook pra conversar. Me contando da promoção no emprego, está muito feliz.
Perguntou da minha filha, disse que estava com saudade dela.
Eu amo minha mãe! Amo mesmo. Sei disso.
Agente conversa normalmente, como se entre agente não houvesse uma parede de gelo.
Toda vez que converso com ela ou que ela vem aqui em casa, não consigo olhar pra ela sem me perguntar: PORQUE?
Porque ela não me defendeu quando eu aos 8 anos chorando contei pra ela o que o marido dela havia feito.
Porque ela permitiu que ele convivesse comigo, sem pensar que podia fazer de novo ou até pior.
Porque ela não mandou ele ir embora, sumir das nossas vidas, me abraçou e disse:"Ta tudo bem, filha. Acabou."
Porque ele continua lá, dormindo na cama dela, como um marido normal.
Uma vez eu li em algum lugar que mãe nenhuma faz nada que não seja para o bem do filho.
Minha mãe é a prova viva de que isso não é verdade.
Mães são pessoas como qualquer outra e nem todas amam os filhos acima de tudo.
Quando vejo minha sogra, sofrendo, aflita com o estado do filho, fico imaginando porque minha mãe não é assim.
As vezes fico até brava com o exesso de proteção que ela tem com meu marido.
Pra se ter ideia, quando eu conto pra ela que ele usou novamente, ela não briga com ele, não o pressiona para ir se tratar (como o proprio psicologo mandou ela fazer), ela não usa a autoridade de mãe para tentar por a cabeça do filho dela no lugar. Sabe oque ela faz??
-Filho, você usou essas porcarias de novo?? (com voz mansa e suave)
- Caramba mãe!! Claro que não.
- Ta bem então, filho. Mas não isso de novo não, tá?!
E eu fico absmada, assistindo isso. Ela tinha certeza que ele tinha usado. Mas como ela mesmo já me disse uma vez, não sabe impor nada a ele.
Porque eu tenho que ser a megera que pega no pé, que liga pra ver onde ele tá, que vai atrás dele quando ele sai com os amigos usuarios.
Enquanto ela é a boazinha que não briga, não impoe nada.
Pra ser sincera tô até disconfiada que ele tá usando alguma outra coisa.. Ele diz que só usa cocaina.
Mas ultimamente ele anda diferente.. sei la.. nao sei explicar.
Sabe quando a intuiçao da gente grita que tem alguma coisa errada?? Pois é..
E quando eu falo isso pra mãe dele ela diz que não, que o filho dela não faria isso.
Toma que ela esteja certa!!
Meninas, alguem pode me disser como eu faço pra perceber se tem outras drogas nessa história???
Beijo.
Em primeiro lugar, quero agradecer o apoio e mensagens de força de recebi.
Obrigada de coração!
Bom.. ainda não fui marcar minha consulta com o sexólogo, hoje que tava super afim de ir, o dia amanheçeu com esse temporal horrivel!
Mas eu vou lá. Vou sim.
Estou muito decidida com relação a isso. E orgulhosa de mim por ter tomado essa decisão.
Hoje minha mãe me chamou no facebook pra conversar. Me contando da promoção no emprego, está muito feliz.
Perguntou da minha filha, disse que estava com saudade dela.
Eu amo minha mãe! Amo mesmo. Sei disso.
Agente conversa normalmente, como se entre agente não houvesse uma parede de gelo.
Toda vez que converso com ela ou que ela vem aqui em casa, não consigo olhar pra ela sem me perguntar: PORQUE?
Porque ela não me defendeu quando eu aos 8 anos chorando contei pra ela o que o marido dela havia feito.
Porque ela permitiu que ele convivesse comigo, sem pensar que podia fazer de novo ou até pior.
Porque ela não mandou ele ir embora, sumir das nossas vidas, me abraçou e disse:"Ta tudo bem, filha. Acabou."
Porque ele continua lá, dormindo na cama dela, como um marido normal.
Uma vez eu li em algum lugar que mãe nenhuma faz nada que não seja para o bem do filho.
Minha mãe é a prova viva de que isso não é verdade.
Mães são pessoas como qualquer outra e nem todas amam os filhos acima de tudo.
Quando vejo minha sogra, sofrendo, aflita com o estado do filho, fico imaginando porque minha mãe não é assim.
As vezes fico até brava com o exesso de proteção que ela tem com meu marido.
Pra se ter ideia, quando eu conto pra ela que ele usou novamente, ela não briga com ele, não o pressiona para ir se tratar (como o proprio psicologo mandou ela fazer), ela não usa a autoridade de mãe para tentar por a cabeça do filho dela no lugar. Sabe oque ela faz??
-Filho, você usou essas porcarias de novo?? (com voz mansa e suave)
- Caramba mãe!! Claro que não.
- Ta bem então, filho. Mas não isso de novo não, tá?!
E eu fico absmada, assistindo isso. Ela tinha certeza que ele tinha usado. Mas como ela mesmo já me disse uma vez, não sabe impor nada a ele.
Porque eu tenho que ser a megera que pega no pé, que liga pra ver onde ele tá, que vai atrás dele quando ele sai com os amigos usuarios.
Enquanto ela é a boazinha que não briga, não impoe nada.
Pra ser sincera tô até disconfiada que ele tá usando alguma outra coisa.. Ele diz que só usa cocaina.
Mas ultimamente ele anda diferente.. sei la.. nao sei explicar.
Sabe quando a intuiçao da gente grita que tem alguma coisa errada?? Pois é..
E quando eu falo isso pra mãe dele ela diz que não, que o filho dela não faria isso.
Toma que ela esteja certa!!
Meninas, alguem pode me disser como eu faço pra perceber se tem outras drogas nessa história???
Beijo.
sexta-feira, 1 de junho de 2012
A melhor decisão que já tomei.
1o de Junho.
Estamos na metade do ano já. E nenhuma das minhas promessas de ano novo se cumpriram até agora.
Meu marido não voltou pro tratamento, não comecei minha terapia (estou com o encaminhamento pra terapia na gaveta, mas não tenho coragem de ir).
Em fevereiro fui a uma consulta de rotina na ginecologista. Mas pela primeira vez tive coragem de contar dos meu traumas e pedir ajuda.
Antes da consulta ficava revisando o diálogo na minha cabeça centenas de vezes. Mas eu precisava fazer aquilo. Embora já tenham se passado 18 anos desde que sofri os abusos, não superei.
Na verdade acho que essas coisas nunca são superadas, agente só tem que aprender a conviver com os fantasmas.
E eu nuca tinha tido coragem de conversar com nenhum especialista.. Mas agora tenho minha filha, e preciso por minha cabeça no lugar pra não ficar paranóica e achar que todo homem que se aproximar dela vai lhe fazer mal.
E com a cara e a coragem, eu fui.
Já na sala d espera eu tremia e suava frio. Até que dentro da sala alguém chamou meu nome. Gelei.
Conversamos sobre meu anticoncepcional, a amamentaçao ( Julia ainda mama no peito) até que eu muuuuito sem graça entrei no assunto. Ela foi super natural e não fez muitas perguntas. Oque eu achei ótimo porque não queria entrar em detalhes naquele momento. Até porque quando entrei no assunto começei a chorar, eu não queria, mas não tive como conter.
ela me disse que eu precisava de ajuda pra saber até onde isso afetava outras areas da minha vida (como sexo, família, confiança nas pessoas etc..)
E me deu um encaminhamento pra passar com uma psícologa e eu fui embora me sentindo vitoriosa!
Tomei uns anciolíticos que ela receitou, e fui falar com a psicologa.
Foi tranquilo..
Ela me perguntou tudo sobre minha mãe, meu pai, meus irmãos, o marido da minha mãe.
e por incrível que pareça, não chorei.
Fiquei calma até o momento que ela perguntou:
-Quantos anos você tinha da primeira vez?
- Eu tinha 6.
-Sua mãe sabia?
-Não. Mas quando eu tinha 8 contei pra ela oque ele fazia.
- E ela?
- Não fez nada. Brigou com ele, disse que eu ia morar com minha madrinha. Mas continuou morando com ele.
- Ela não teve medo de acontecer de novo?
-Acho que não...
A essa altura eu já estava aos prantos. Ela com uma cara meio abismada.
Ela tentou me explicar que minha mãe também precisa de tratamento, que
ela uma obsessão pelo meu padrasto, algo doentio.
E que ela também precisava de tratamento. Me deu umas indicações de Terapia Familiar e disse pra eu levar odo mundo: minha mãe, ele , meus irmãos, meu marido..
Pra ser sincera, achei meio absurdo.
Como eu vou chegar na casa da minha mãe. Reunir todos na sala e dizer: "vamos todos a terapia pra discutir oque vc fez comigo Rogerio, e porque vc mãezinha me deixou conviver com ele todos esses anos e ainda me culpou quando ele te disse que me amava quando eu só tinha 12 anos. Vamos??"
Imagina!! Nunca que eu vou fazer isso..
Bom.. a psicóloga me deu indicações pra eu passar com um especialista, sexologo que ele poderia me ajudar melhor. Segundo ela, eu preciso porque ainda hoje minha mãe é casada com ele, ele vem na minha casa, ele quer pegar minha filha no colo. E infelizmente esse é o unico caminho se eu quiser conviver com a minha mãe. Quando eu disse pra ela que não queria ele na minha casa e muuuuuuito menos pegando minha filha no colo ela não gostou muito nao.
E ficou um bom tempo sem vir aqui.
Preciso de ajuda pra entender oque eu sinto hoje com relação ao que passou, como lidar com a minha mãe, como conseguir olhar pra cara dele sem quer vomitar (isso eu sei que sempre vou sentir)..
Mas eu quero estar bem. Falar disso sem chorar, entender que a vida seguiu e eu sobrevivi e preciso ser forte porque um dia vou contar tudo isso a minha filha, eu quero que ela saiba porque eu NUNCA vou deixa-la dormir na casa da vó. Quero que ela seja forte e nunca deixe que ninguém se aproveite dela e que ela tem a mim incondicionalmente.
Quero estar bem tbm pra ajudar meu esposo a sair das drogas.
Como posso ajuda-lo se eu não estiver bem. Quero me livrar dessa necessidade de proteção constante. Quero ser forte!! Firme! Dona de mim e das minhas vontades.
E acho que a terapia vai me ajudar a encontrar esse EU perdido dentro de mim.
Quero ir lá segunda-feira marcar uma consulta e ver no que vai dar.
Esse é o caminho.
Estamos na metade do ano já. E nenhuma das minhas promessas de ano novo se cumpriram até agora.
Meu marido não voltou pro tratamento, não comecei minha terapia (estou com o encaminhamento pra terapia na gaveta, mas não tenho coragem de ir).
Em fevereiro fui a uma consulta de rotina na ginecologista. Mas pela primeira vez tive coragem de contar dos meu traumas e pedir ajuda.
Antes da consulta ficava revisando o diálogo na minha cabeça centenas de vezes. Mas eu precisava fazer aquilo. Embora já tenham se passado 18 anos desde que sofri os abusos, não superei.
Na verdade acho que essas coisas nunca são superadas, agente só tem que aprender a conviver com os fantasmas.
E eu nuca tinha tido coragem de conversar com nenhum especialista.. Mas agora tenho minha filha, e preciso por minha cabeça no lugar pra não ficar paranóica e achar que todo homem que se aproximar dela vai lhe fazer mal.
E com a cara e a coragem, eu fui.
Já na sala d espera eu tremia e suava frio. Até que dentro da sala alguém chamou meu nome. Gelei.
Conversamos sobre meu anticoncepcional, a amamentaçao ( Julia ainda mama no peito) até que eu muuuuito sem graça entrei no assunto. Ela foi super natural e não fez muitas perguntas. Oque eu achei ótimo porque não queria entrar em detalhes naquele momento. Até porque quando entrei no assunto começei a chorar, eu não queria, mas não tive como conter.
ela me disse que eu precisava de ajuda pra saber até onde isso afetava outras areas da minha vida (como sexo, família, confiança nas pessoas etc..)
E me deu um encaminhamento pra passar com uma psícologa e eu fui embora me sentindo vitoriosa!
Tomei uns anciolíticos que ela receitou, e fui falar com a psicologa.
Foi tranquilo..
Ela me perguntou tudo sobre minha mãe, meu pai, meus irmãos, o marido da minha mãe.
e por incrível que pareça, não chorei.
Fiquei calma até o momento que ela perguntou:
-Quantos anos você tinha da primeira vez?
- Eu tinha 6.
-Sua mãe sabia?
-Não. Mas quando eu tinha 8 contei pra ela oque ele fazia.
- E ela?
- Não fez nada. Brigou com ele, disse que eu ia morar com minha madrinha. Mas continuou morando com ele.
- Ela não teve medo de acontecer de novo?
-Acho que não...
A essa altura eu já estava aos prantos. Ela com uma cara meio abismada.
Ela tentou me explicar que minha mãe também precisa de tratamento, que
ela uma obsessão pelo meu padrasto, algo doentio.
E que ela também precisava de tratamento. Me deu umas indicações de Terapia Familiar e disse pra eu levar odo mundo: minha mãe, ele , meus irmãos, meu marido..
Pra ser sincera, achei meio absurdo.
Como eu vou chegar na casa da minha mãe. Reunir todos na sala e dizer: "vamos todos a terapia pra discutir oque vc fez comigo Rogerio, e porque vc mãezinha me deixou conviver com ele todos esses anos e ainda me culpou quando ele te disse que me amava quando eu só tinha 12 anos. Vamos??"
Imagina!! Nunca que eu vou fazer isso..
Bom.. a psicóloga me deu indicações pra eu passar com um especialista, sexologo que ele poderia me ajudar melhor. Segundo ela, eu preciso porque ainda hoje minha mãe é casada com ele, ele vem na minha casa, ele quer pegar minha filha no colo. E infelizmente esse é o unico caminho se eu quiser conviver com a minha mãe. Quando eu disse pra ela que não queria ele na minha casa e muuuuuuito menos pegando minha filha no colo ela não gostou muito nao.
E ficou um bom tempo sem vir aqui.
Preciso de ajuda pra entender oque eu sinto hoje com relação ao que passou, como lidar com a minha mãe, como conseguir olhar pra cara dele sem quer vomitar (isso eu sei que sempre vou sentir)..
Mas eu quero estar bem. Falar disso sem chorar, entender que a vida seguiu e eu sobrevivi e preciso ser forte porque um dia vou contar tudo isso a minha filha, eu quero que ela saiba porque eu NUNCA vou deixa-la dormir na casa da vó. Quero que ela seja forte e nunca deixe que ninguém se aproveite dela e que ela tem a mim incondicionalmente.
Quero estar bem tbm pra ajudar meu esposo a sair das drogas.
Como posso ajuda-lo se eu não estiver bem. Quero me livrar dessa necessidade de proteção constante. Quero ser forte!! Firme! Dona de mim e das minhas vontades.
E acho que a terapia vai me ajudar a encontrar esse EU perdido dentro de mim.
Quero ir lá segunda-feira marcar uma consulta e ver no que vai dar.
Esse é o caminho.
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